sábado, 27 de março de 2010

CONTO: A ATROPELADA


Minha gente esta narrativa de estradas, de viagens, de aventuras, parece até conversa de pescador! Mas as coisas acontecem naturalmente, sem percebermos, sem eira e nem beira, de supetão, rápidas como um cometa que não pede licença e passa deixando um rastro. Aqui a lembrança de um fato contado, acontecido e verídico, de certo modo engraçado, nem trágico e nem cômico. Numa dessas aventuras, em que rapazes e moças, viajam na aventurança para chegar até um pequeno sítio, situado lá pras brenhas do nordeste brasileiro, em busca também de rever alguns familiares queridos.
A estrada depois de uma BR, era de total desconforto para o carro que em terreno de um barro socado, passava por um povoado de pequenas casas e outros sítios aqui e ali. Ora era larga, ora era estreita. Dentro do carro, estavam três tripulantes, um jovem que o guiava com todo o cuidado, outro trás de carona e uma moça ao lado do condutor, faziam parte da mesma família. Já que ela, o irmão e o primo, estavam nessa, de rever os avós e outros primos. O carro sofria, se contorcia, deslizava, fugia de uma poça de lama vermelha, devido a impermeabilidade daquele solo.
Estavam ouvindo um som alto, de um grupo de forró, conhecido como Limão com Mel, divertiam-se, sorriam, contavam as fofocas que se passaram na semana, brincava. No meio desse caminho, o carro disputava com animais diversos, a beirada da estradinha, como patos, guinés, galos, galinhas, cobras, porcos, bois mansos, etc. Era um anoitecer de um sábado e a escuridão já se fazia presente. De repente, um barulho chamou a atenção dos três neste caminhos. Pararam, desceram e foram verificar o que tinha acontecido. Achavam que era o pneu do carro que tinha estourado. Mas que nada!
Ali bem debaixo da roda dianteira esquerda do carro, tinha nada menos do que uma pobre galinha atropelada. Tadinha da galinha caipira! Não dava mais para salvá~la, seu pescoço e a cabeça bem decepados. Eles entreolharam-se, querendo buscar uma solução para o tal atropelamento, deixavam a atropelada ali, ou fazia outra coisa? Logo, o primo dos irmãos teve a ideia, já que não dava para salvá-la, iriam levá-la para comê-la.
Coitadinha da galinha que foi atropelada, só tinha uma vida, não era uma "vida gato", a sua alma passou desta para o céu dos animais, parou dentro de uma panela, enchendo a pança daquela família que se deliciou apetitosamente de seus restos mortais.

-Clécia Santos-

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